segunda-feira, 14 de abril de 2008

Dia 1 - A Chegada à Costa Rica

O despertar foi às 4h.30m da manhã! O voo, com escala em Madrid, partia às 7h. As malas, que já tinham chegado no dia anterior ao aeroporto de Lisboa, há muito que tinham deixado de ser uma preocupação... agora o importante era mesmo fazer as coisas com tempo e esperar ansiosamente pela hora de embarque.


"La belissima pasta" do avião

Toda a viagem correu sem sobressaltos... a escala, e respectiva espera em Madrid, foi uma chatice menor. A viagem, que se adivinhava de 10h até à Costa Rica, absorvia qualquer outro tipo de situações indesejáveis. A acompanhar toda a viagem até às Américas tinhamos as maravilhosas refeições... massa com massa... bolo com 10 toneladas de açucar e seco, seco, seco. Óptimo para agarrar-se ao céu da boca, às gengivas e absorver toda a saliva que o nosso organismo conseguisse produzir. E depois... a árdua tarefa de retirar os pedaços de bolo que estavam bem lá atrás, nos recantos bocais mais inacessíveis.


Uma coisa muito normal nestas viagens é parecer que já passaram quase 2 dias inteiros por nós e, quando olhamos para o relógio, ainda só passaram 3h. As 7h seguintes foram passadas a ler, a ver o filme dobrado em espanhol (ainda não tinhamos dito que o voo era da Ibéria?), ler novamente a revista comprada no aeroporto, voltar a olhar para o filme, ler novamente a revista comprada no aeroporto, fazer palavras-cruzadas, ler banda desenhada da Mónica e do Cascão, coçar a orelha, ver mais um bocadito do filme... e voilá... mais 1 horita que passou como se parecessem 10 horas.


Enfim... finalmente chegámos.


A aterragem foi "à segunda". Os fortes ventos, que se faziam sentir em San José, não permitiram uma aterragem fácil. O avião, antes de tocar na pista, levantou novamente voo. Desde esse momento até à aterragem definitiva apanhamos toda a turbulência que em 10 horas de viagem não se fez sentir. Já havia pessoas agarradas ao saco de enjoo e a utilizarem as revistas dadas pela companhia aérea para se abanarem e refrescar um pouco o "ambiente". A aterragem deu-se com sucesso e daí até chegar ao hotel, em San José, foi um "pulinho".


A 1ª refeição em terra foi num rodízio brasileiro, mesmo em frente ao hotel Torremolinos (sim, porque nós gostamos muito de provar comidas típicas... neste caso, típica brasileira :P).


As 7 horas de diferença horária começaram a sentir-se logo após o fim da refeição. Foi chegar ao hotel e deitar de papo cheio. No dia seguinte acordámos às 5h e partimos para Tortuguero.

Dia 2 - Tortuguero

Saímos do Torremolinos em direcção a Tortuguero. A viagem de camioneta em estrada alcatroada fez-se por linhas bastante ondulantes e sempre no cruza-cruza com grandes camiões. Ah, pois é! As estradas na Costa Rica têm muito que se lhe diga. Uma viagem de 200km pode demorar o tempo de uma eternidade. Encontra-se todo o tipo de estrada pela frente, excepto uma boa estrada.


Por isso, e ainda antes de iniciarmos a jornada, que levaria horas, fizemos uma primeira paragem, minutos depois de termos largado o hotel.


Nessa altura refastelámo-nos com o maravilhoso pequeno-almoço. Primeira oportunidade de podermos experimentar o típico Gallo Pinto - feijão preto com arroz frito, panquecas, salsichas e banana frita. As frutas e os sumos naturais fizeram também parte deste pequeno/grande-almoço, bem como os queijos, o leite e o café. Esta primeira refeição estava de comer e chorar por mais. Tudo muito bem confeccionado, com aqueles belos condimentos que mimam e domesticam totalmente qualquer paladar mais esquisito.


Bem, mas o que mais nos marcou foi de facto o ovo-estrelado. Não sabemos como foi cozinhado, mas aquele suculento molho... mnham, mnham, levou-nos a pensar, ainda por largos segundos, que não nos importariamos de comer ovos-estrelados assim ao pequeno almoço, até ao resto das nossas vidas. Tornámo-nos mesmo fãs incondicionais, contudo não voltaríamos a encontrar ovos assim até ao resto da nossa viagem.


Bem, mas voltando ao nosso caminho... fomos encontrando pequeninas casas, a pintalgar a paisagem, muito simples, com um ar bastante frágil, mas que simultaneamente transmitiam muita paz e tranquilidade. Pode-se quase tirar uma radiografia das gentes pelas casas que ostentam - pessoas simples, que se contentam com pouco, cuja máxima de vida é de facto viver-se bem com o que se tem.
O Parque Nacional Braulio Carrillo ainda nos fez companhia durante alguns quilómetros. Não pudemos parar, mas ainda tivemos oportunidade de poder ver, da janela, o encontro de dois rios de cores diferentes e a sua fusão - um azul e um laranja. O laranja apresenta esta cor devido ao elevado teor de enxofre das suas águas.



Os 2 rios perto do local onde se "unem"


Algum tempo depois, a estrada batida não se fez esperar. Enquanto isso, iamos apreciando as plantações de bananas. As senhoras bananas decidiram, entretanto, travarem-nos momentaneamente. É que precisavam justamente de passar à nossa frente naquela hora. Enquanto esperavamos que as várias centenas se despachassem, fomos cuscando o lugar para onde se dirigiam. Descobrimos que a sua morada é a exportação, por via da famosa empresa "Del Monte".


E finalmente chegamos ao porto de embarque. Aí pudemos observar o primeiro animal a sério, um grande escaravelho. A Costa Rica prometia...



Escaravelho Hércules


Malas para um barco, tripulantes para o outro, tinha chegado o momento de nos dirigirmos para o nosso hotel no meio da selva. Ao calor, fomos apreciando as paisagens, enquando o barco rasgava o silêncio do rio.



O barco que nos levava as malas... quase quase a darem um mergulho...



Spider Monkeys (Macacos-aranha)


Pachira Lodge estava mesmo à nossa espera, no meio daquele verde luxuriante e que prometia muita bicharada. Um hotel modesto, mas muito simpático.


O pormenor da ausência de janelas ficará para sempre guardado na memória. As cavidades existiam, o que não existiam são os típicos materiais que se esperam, para quem é citadino - vidro, alumínio ou madeira e fecho. Mas não estivemos assim tão desprotegidos, como parece. Os mosquiteiros faziam parte do adorno destes grandes orifícios e tinham um sentido prático bem urgente e importante - impedir animais intrusos no quarto, além de nós :P


No exterior tivemos oportunidade de encontrar alguns espécimes: aranhas, macacos, sapos, caranguejos, borboletas das mais variadas cores, pássaros exóticos que a máquina fotográfica não conseguia acompanhar nos seus voos ou nos seus tão fugazes descansos, em cima deste ou daquele galho.



Golden Silk Spider



Golden Silk Spider a comer uma borboleta



Cavalos à beira-rio



Caranguejo


Os macacos, esses eram bem atrevidos. Não é que para se afastarem das objectivas, das curiosas máquinas fotográficas dos hóspedes, punham-se em posição e largavam as suas fezes, do alto das árvores, num gesto de pontaria e provocação?!?! Há quem não dispensasse o chapéu de chuva para se proteger destas terríveis intempéries.




Howler Monkey (Macaco-uivador)


Nesse dia, ainda houve tempo para visitarmos a simpática aldeia de Tortuguero e a sua famosa praia; lugar predilecto de desova, em determinadas épocas do ano, para milhares de tartarugas.




Vila de Tortuguero vista a partir de um dos canais



Vila de Tortuguero



Escola em Tortuguero



Black Cheeked Woodpecker (Pica-pau)


No regresso ao hotel, ficámos a saber que o dia seguinte iria começar bem cedo. Os animais selvagens estavam em pulgas para nos receberem no seu habitat natural.


Dia 3 - Caminhada pela Selva

5h... o guia bate à porta do nosso quarto para nos acordar! É assim que funciona em Tortuguero... o guia bate à porta, nós respondemos e passados 30 minutos temos de estar a tomar o pequeno-almoço. Acrescente-se a este pormenor o facto de ser este o dia da caminhada pela floresta... Afinal, comprámos um bilhete para a "recruta" e não para uma viagem de sonho :P


O pequeno-almoço foi café com umas bolachas. Muito fraco e diferente daqueles que tínhamos tomado até então (soubemos depois que regressaríamos para reforçar a primeira refeição do dia). No entanto, lá partimos rumo aos canais de Tortuguero. A viagem, feita logo de manhãzinha, permitiu-nos observar a evaporação de água, formando uma ligeira neblina que cobre toda a zona aquática, ao longo dos canais. A ida com guia é obrigatória, pois eles vêem tudo aquilo que nós, por mais atentos que estejamos, não conseguimos observar. Era impressionante os animais que eles encontravam completamente camuflados no meio da vegetação.



Nascer do sol



Preguiça



Pacchira



Green Heron (Garça)



Anhinga



Bare Throated Tiger-heron



Gray Necked Wood Rail



Bare Throated (Garça)



Iguana a descansar



Bare Throated



Família indígena


Regressamos ao hotel para tomar o VERDADEIRO e ORIGINAL pequeno-almoço Costa Riquenho, ultra mega reforçado... GALLO PINTO rulez! Aproveitamos para calçar as galochas e enchermo-nos de repelente, pois a caminhada pela floresta a isso obrigava. As zonas de lama e os animais "mordedores" são motivos suficientes para nos protegermos dos eventuais "imprevistos".


Deslocámo-nos de barco até à zona onde iniciaríamos a caminhada.



Os deliciosos ananases


O cheiro a terra molhada é intenso e o ambiente altamente húmido. A folhagem e os troncos enormes tornam difícil a tarefa do sol em iluminar-nos o caminho. As lianas são uma constante em todo o trilho percorrido...


Vimos rãs vermelhas, cobras venenosas, pássaros e plantas exóticas, aranhas e até... árvores "andantes"!



Strawberry Poison Dart Frog (rã vermelha venenosa) - tamanho máximo 3 cm



Strawberry Poison Dart Frog #2



Termiteira



Jesus Christ Lizard (Basiliscus basiliscus) - tem a particularidade de conseguir andar e correr sobre a água



Na densa floresta tropical



A perigosa Fer-de-lance (Terciopelo) no meio do nosso trilho - uma das mais perigosas cobras venenosas do mundo



Palmeira andante - o nome deve-se à particularidade de se deslocar no solo à procura de luz


Antes do regresso ao hotel, e para restabelecer todos os líquidos perdidos em suor, bebemos água de côco comprada às gentes locais. Que deliciosa!


Almoçamos no hotel e passamos a tarde a dar mergulhos na piscina e a recuperar do cansaço.



Marine Toad (Sapo Marinho) - à noite a piscina recebia estas pequenas/graúdas visitas


Dia 4 - O Aeroporto de Tortuguero

Alvorada... 5h da manhã! Uma enorme chuvada ecoa no telhado das nossas instalações. Com as malas previamente feitas do dia anterior, foi só tomar o reconfortante pequeno-almoço e partir, de barco, até ao aeródromo de Tortuguero.


Desembarcamos! A uns escassos cem metros à nossa frente, bem no meio da floresta tropical, e ladeada pela praia de Tortuguero, uma casa pré-fabricada e uma pista de alcatrão esburacada formavam o famoso aeródromo.


À nossa espera um autêntico caixote mono-motor com dois apêndices laterais (parecidos com asas) e um par de rodas a servir de trem de aterragem. Por fora a pintura imaculada... por dentro a ferrugem "esculpida" na fuselagem. Os compartimentos das bagagens eram mínimos, razão pela qual só podíamos levar cerca de 12kg por pessoa... nós levavamos cerca de 20kg :S. A sorte foi que os outros 4 ou 5 passageiros que foram connosco levaram peso a menos e, desta forma, o peso extra foi-nos perdoado.



A sofisticada torre de controlo



A nossa avioneta



Ri-te ri-te...


A viagem até San José correu sem grandes incidentes. A avioneta conseguiu, com sucesso, desviar-se das montanhas altas e não se estatelar nas florestas tropicais densas de Tortuguero. Saímos do aeroporto para esperar o nosso transfer que nos ia levar até à zona do Arenal.


A viagem entre San José e o Arenal foi feita de carro... cerca de 4h de viagem para percorrermos 100km... um autêntico desafio à paciência (várias foram as vezes que apanhamos obras que obrigavam ao corte momentâneo da estrada), às costas (por causa dos inúmeros buracos na via) e ao enjoo (devido às infindáveis curvas e contra-curvas que tornavam o caminho bastante sinuoso).


Como não tínhamos actividades programadas no Arenal, decidimos seguir a sugestão do nosso simpático "transferista" e paramos em La Fortuna (a cidade do vulcão). Aqui dirigimo-nos à agência Jacamar para obter as viagens que nos interessavam. As agências trabalham em parceria com muitos hotéis, pelo que, contactar directamente com elas, é sinónimo de se conseguir obter preços muito mais em conta, sem termos de pagar a comissão que iria direitinha para o "bolso" do hotel. As actividades adquiridas, com guia, foram as seguintes:


Caminhada ao Vulcão Arenal (Arenal Volcano Hike);

Caminhada pelas Pontes Suspensas do Arenal (Arenal Hanging Bridges);

Caminhada pelas Grutas de Venado (Venado Caves);

Visita de barco a Caño Negro (Caño Negro Wildlife Refuge).


Pagamos $368. Os guias eram excepcionais. Muito jovens, com excelentes conhecimentos técnicos, simpáticos e com um espírito de aventura muito apurado. Todas as actividades foram bastante personalizadas, já que o grupo era formado apenas por nós dois, o guia e o condutor.


Chegamos ao Hotel Arenal Volcanno Inn ainda antes do almoço. Como ainda não tinhamos o quarto pronto, aproveitámos para disfrutar da piscina. Almoço e partida para a primeira actividade adquirida...a caminhada ao vulcão Arenal.


* Caminhada ao Vulcão Arenal


Saímos do hotel às 15h10. A chuva teimava em aparecer. Fizemos os primeiros 10km em boas estradas de alcatrão e mais 10km em gravilha, com "crateras" enormes, e onde a velocidade da nossa carrinha fazia concorrência a qualquer caracol.


Chegados ao ponto inicial da caminhada, vestimos os nossos impermeáveis e "fizemo-nos ao caminho" sempre ladeados do imponente vulcão fumegante. 15 minutos depois, parámos! Aquilo que tinha começado como uma chuva estava a tranformar-se num dilúvio acompanhado de trovoada. A presença de árvores altas na zona e a aproximação dos relâmpagos obrigou-nos a voltar atrás. Regressámos à carrinha e fomos para um miradouro coberto, perto do sopé do vulcão. Daí pudemos admirar as pedras incandescentes que o mesmo ia "cuspindo". Estas rolavam encosta abaixo e partiam-se aquando do encontro com outros "seres" rochosos! Um cenário simplesmente fantástico!



Tucano



Vulcão Arenal em plena actividade



Vulcão Arenal


No regresso ao hotel, e durante o percurso pela estrada de gravilha, ainda tivemos tempo para vislumbrar um coiote. Estavamos com muita sorte!


Chegamos ao hotel! Foi tomar banho, jantar e dormir! No dia seguinte mais duas actividades fisicamente exigentes esperavam por nós.


Dia 5 - As Pontes Suspensas do Arenal e as Grutas de Venado

Acordámos cedo, nada que já não fosse habitual, para a experiência das Pontes Suspensas, um dos maiores projectos ecológicos da Costa Rica, inserido no exuberante Bosque Chuvoso do Arenal. Este projecto visa preservar intacta a riquíssima diversidade biológica do Bosque.


Nesta caminhada pudemos atravessar 8 pontes fixas e 6 pontes suspensas com longitudes entre os 48 e 98 metros. A experiência de andar em cima de pontes móveis de aço, cujo passadiço é composto pela junção de grelhas metálicas, não deve ser de facto muito agradável para quem sofra de vertigens e outros géneros de fobias. É que olhar para os pés, e sentir que não há chão, e que estamos a tantos metros de altura sobre o bosque, é uma experiência ímpar.

Nesta rota que durou cerca de 4 horas, tivemos oportunidade de ver as famosas rãs Blue Jeans, assim designadas pelo facto de parecerem vestir calças de ganga :D Vimos algumas espécies de aves, que ainda não tinhamos tido oportunidade de vislumbrar. Encontrámos várias vezes as famosas cigarras e descobrimos um ninho numa rocha, com dois ovinhos, bem acessíveis a quem por ali passasse. Ainda pudemos apreciar um beija-flor no seu minúsculo ninho, o qual, com o nascimento das crias, se alarga à necessidade do espaço necessário para acolher a nova família. Este fenómeno acontece porque, de entre os materiais que este pássaro usa para a construção da "casinha", conta-se com o uso de teias de aranha, os melhores elásticos naturais :D

Lagartos, borboletas e libelinhas de várias cores foram dando o ar da sua graça durante o nosso percurso. Pudemos, igualmente, ver várias espécies de plantas muito importantes para o equilíbrio ecológico do bosque.


As pontes por onde passamos



Blue Jeans Frog



Lagarto



Em plena travessia



Cigarra



Ovos de pais incógnitos...



Blue Jeans Frog #2



Colibri


Da parte da tarde, foi a vez de visitarmos as Grutas de Venado. As informações contidas no prospecto da actividade em nada faziam adivinhar o que nos esperava. E passamos a citar a dita cuja: "Especialmente para aqueles que não se importam de se molhar e de se sujar, esta é uma fascinante aventura debaixo do chão...". Estavamos excitados por ingressar no interior da terra e ver as mais lindas formações rochosas. Sabíamos, segundo as informações divulgadas, que teríamos de levar uma segunda muda de roupa. A ideia que tinhamos é que nesta incursão ao subsolo, sítio altamente húmido, dificilmente nos poderíamos escapar das marotas gotas de água, que a qualquer momento, se "lançavam" das estalactites.


Chegados ao local, onde iniciaríamos a nossa aventura, tivemos de trocar os nossos ténis por galochas de borracha, colocar um capacete protector e uma máscara. Fomos advertidos que não deveríamos levar quaisquer objectos para o interior da gruta, ninguém se responsabilizaria por danos causados. Infelizmente, perdemos qualquer oportunidade de registo da maior aventura vivida durante a nossa estadia neste país. Restam-nos as memórias :P Entregámos todos os nossos haveres ao motorista que nos havia transportado até ao local.


Acompanhados pelo guia, pegámos nas nossas lanternas e dirigimo-nos para a entrada da gruta. O guia avisou-nos para termos cuidado quando colocassemos as mãos nas paredes, por causa dos animais venenosos. O risco não era tanto o das picadas ou mordeduras, mas sobretudo o de distraidamente levarmos as mãos à boca. Isso sim, era arriscado. Alertou-nos para a existência de uma grande concentração de morcegos e o uso das máscaras tinha o propósito de nos proteger do cheiro das fezes. Disse-nos que iríamos provavelmente encontrar aranhas-escorpião. Segundo ele, as mesmas são inofensivas, apesar de impressionarem a vista.



Chegámos finalmente à entrada da gruta. Encontrámos logo um grupinho a sair do seu interior, completamente molhado e com as roupas todas sujas de barro. Como espírito de aventura é coisa que não nos falta, entrámos expectantes para o interior.


Uahuuuu, tudo escuro e a única fonte de luz , a das nossas lanternas. E de repente, sentir a água a entrar para o interior das nossas botas. Percebemos rapidamente o porquê da necessidade de levar uma segunda muda de roupa. Quais gotas, lol!!!



Um solo completamente irregular e escorregadio, a tentativa de nos equilibrarmos para não cair e fazer uma entorce. A subida das águas em determinados sítios, bem... e o coração a palpitar bem forte.


A gruta parecia-nos um autêntico labirinto. Sem o guia, acho que nunca teríamos encontrado a saída. O capacete foi um autêntico salva-vidas. Protegeu-nos de sair de lá sem cabeça. O ter de atravessar passagens super estreitas, de lado e a roçar o corpo todo nas paredes ou então de cócoras, com os joelhos a tocar no chão e a coluna completamente encaracolada, sería uma tarefa impossível de se fazer sem este artefacto miraculoso.



Quantas vezes não tapámos as entradas/saídas dos morcegos. Nessas alturas eles vinham contra nós e era a nossa espinha a dar calafrios e se calhar a deles também. Um susto mútuo, lol !


Tivemos de escalar uma parede, muito maior que nós, sem qualquer apoio, porque a passagem tinha obrigatoriamente de fazer-se por aí. Chegámos a uma nova passagem estreita e com água a tapar metade das paredes e uma enorme aranha-escorpião, mesmo à entradinha. Parecia que estava à nossa espera.




A escalada! - à falta de provas fotográficas, o P. fez o registo em desenho :)


De novo baixar, enrolar a coluna e desviar o mais possível o corpinho deste impressionante aracnídeo. E novamente a água a subir o nível. Desta vez pela cintura, nada mau :P




Tivemos que andar com água pelo pescoço... literalmente! E sempre acompanhados pelas "simpáticas" aranhas-escorpião!


Ainda dentro das grutas, pudemos observar a famosa formação rochosa designada por "A Papaia", uma parede de coral e uma zona de sucalcos no chão que nos oferece a ilusão de que se trata de uma cascata.



Saímos de dentro das grutas ofegantes, mas com a sensação que tinhamos passado 1 hora em cheio, 1 hora de pura adrenalina. Simplesmente adorámos :D.




E eu a pensar que a S. ia ficar chateada depois desta aventura extrema ;)



A despejar os litros e litros de água do interior das botas



O P. a espremer as meias... força nisso! :P